sexta-feira, junho 2

Vizinha procura vizinho para serem felizes para sempre


Fiquei a pensar nesta frase... e na ambivalência existente na vida do ser humano...

Nos feitios, nas formas de estar na vida, nas crenças, nas experiências, nos traumas, na esperança, na fé, no mau que passamos e o belo que vimos... cada um constrói o seu caminho, mesmo que se sinta nas não escolhas da vida. Não escolher é claramente para mim, uma escolha.

Há quem diga que é assim que devemos viver. Aceitando simplesmente o que a vida nos traga. Até lhe chamam maturidade... pois eu acho que ainda tenho muito para crescer.
Gosto de traçar o meu caminho. Gosto de acreditar que existe uma parte que é só minha na construção do meu caminho. A forma como interpreto a vida ou cada momento dela, faz-me caminhar no sentido que escolho.

Não sou eu dona do resultado das nossas acções, mas do meu comportamento sim! Das minhas escolhas sim! Do que me permito ou me limito, sim!

Oh poderosas conversas internas as minhas... que me fazem dar cada passo tranquila de consciência e entregue de Alma...

Imagino que chegue uma idade onde nos possamos sentir incomodados com a solidão. Não a da Alma! Mas a que nos aquece os pés. A da partilha. De um sorriso ou lágrimas que sejam ao fim de mais um dia das nossas vidas.

Alguém que nos pergunta, ou nos escuta... alguém que nos dá a mão numa ida à mercearia... ou que nos acompanhe a uma consulta ao médico quando recebemos a má notícia de uma doença...  Ou a partilha imediata do que às vezes assistimos na TV, pois acredito que algumas nos saltem coisas pela voz mesmo que sozinhos na sala.

Esta senhora que escreveu isto na porta de uma caixa de electricidade (acho eu), provavelmente pensa nisto tudo.
Corajosa por sonhar e escrever num sítio perigoso, decide que a vida teria mais sentido com alguém ao seu lado. 

Chama-lhe um vizinho... e imagino que se refira a alguém que viva próximo dos seus valores. Desta vontade da partilha... e mais um risco se corre... abrirmos a porta de nossa casa e entrar alguém que a desarrume, ou a destrua, ou nos roube , felicidade que seja...
Mas se for um vizinho, de valores, de crenças, de vontades de viver a vida em amor, valerá a pena o risco.

E surge o outro. O outro risco. O do acreditar para sempre... ou no sempre.
O sempre é tanto tempo... é um tempo que nunca mais acaba. Que não tem fim e encerra o sempre e o nunca. De para sempre e nunca mais acaba.

Questiono-me o quê não acabará? Ou o que será para sempre? O amor? Definam amor então. Difícil chegar a um consenso puro e cru que agrade a todos. Então, se não somos todos, reduzem-se as hipóteses do número de vizinhos disponíveis.

Então teríamos de definir o que nos faria felizes para sempre na companhia de um vizinho, por viver próximo ou dentro de nós, ou até connosco.

Sim. Há amores que vivem na porta ao lado, ou num bairro próximo. Há amores que vivem apenas em nós, na nossa imaginação ou ilusão criadas pelo nosso tolo coração. E há os que convidamos a viverem connosco.

Preferes com varanda ou elevador? Não podemos ter tudo...
Novo e afastado ou antigo e no centro? Fugimos do barulho e dos ruídos das cidades e dos turbilhões do dia a dia? Ou ficamos próximo do trabalho. Assim, andamos pouco, encaramos menos trânsito e chegamos em 5 min?

Imagine-se... como será então partilhar uma vida. Uma vida já de crescidos. Onde temos já a varanda e o elevador. A proximidade e a distância necessária no equilíbrio perfeito do bem estar. Os filhos, meio já criados, em linhas concretas de educação e valores... ui! 
Que grande fé terá essa senhora em acreditar haver um vizinho compatível com a sua varanda...

E mesmo assim, tanto Ainda há por viver e construir... sendo duas casas mesmo que próximas, como se faz das duas a mesma base para uma em conjunto?
Às vezes é preciso abdicar de tanto... e entregar-mo-nos ao desconhecido do futuro, assumindo responsabilidades de escolha... e pelo caminho, decidimos ampliar a nossa casa. Pronto. Assim, o risco é menor! 

Mas não conhecemos o novo. O que estaria a nossa espera se a opção tivesse sido a B... nunca nos chegamos a apresentar ao temido desconhecido ...
Outras vezes, tudo é tão fluido, tão simples, tão automático em que a ideia de uma ponte é perfeita! Unimos as casas por uma ponte!! De paisagem romântica, e redefinimos os ts das casas. 

Talvez assim descubramos o vizinho certo, e confiemos que, em cima dessa mesma ponte se possa construir o novo. E até uma varanda!
E quando estiver quase pronta, mandamos instalar a TV CABO, como presente de recordação de onde tudo começou.

Alguém que nos leu, ou ao recado, ou ao recado escrito de nós numa porta de electricidade na rua, onde procurávamos um vizinho que vivesse para sempre feliz connosco.
Ou felizes os dois para todo o sempre.

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