quinta-feira, janeiro 24

Acordo com a pergunta “quando é que isto vai parar de doer tanto?”

E procuro as perguntas certas que me levem a encontrar o caminho de alcançar alguma paz.

Pergunto-me o que deveria eu aprender desta experiência que me leva ao tão profundo sofrimento e guerreio-me com a ingratidão que me faz sentir a dor. Por sofrer por algo menor. Sim. Muito menor.

Na verdade a gratidão pela vida faz-me levantar da cama e vir escrever à procura de como o fazer da melhor maneira honrando tudo o que sou e tudo o que me rodeia.

Se me escutar, "vejo" escuro... vejo sonhos vazios, e estradas tão compridas de árvores deitadas a baixo pelo vento... mas só numa das ilhas internas. Como no filme Inside-Out ou divertidamente em português. É só sobre uma das ilhas que não existia nesse filme.

A minha ilha. A ilha de nos apaixonarmos e tudo entregarmos e continuarmos tão solitários nessa tal ilha.

O que falha? O que falta? O que nos move a cuidar dela novamente? O que nos impede de lá estarmos acompanhados? O que se deveria fazer/pensar diferente para que um dia fosse por dois habitada?

E perco-me. Em 453 explicações que o cérebro se apressa em encontrar. Mas, nenhuma me serve. Já as visitei todas... todas as explicações e nenhuma me satisfaz.

E mais uma vez sou grata pela humildade de em cada uma delas parar e dedicar atenção. Como posso ser melhor? Como posso fazer melhor? O que traria resultados positivos ao universo e não apenas isolada nessa ilha. Pois sendo um ser humano melhor, saímos todos a ganhar. Então vale mesmo a pena “por-me” em causa.

O difícil é que nem assim encontre a resposta que procure: o que nela fazemos sozinhos?

Bem, nos outros não sei, pois os momentos de desenvolvimento variam de pessoa para pessoa e de pessoa em pessoa também.

Eu, já cresci o suficiente lol. O que queria agora era usufruir das aprendizagens acompanhada de outras aprendizagens que somassem em expectativas fantásticas da vida.

Só que há palavras que me fazem soar alarmes internos, como esta das “expectativas“...
Para quê expectativas? Se só nos desiludem? E tanto nos derrubam a cada vez não cumpridas.

Respiro e sei que a única alternativa é aceitar que nela estou sozinha. E dou por mim em apneia outra vez. E percebo que estou ainda longe de aceitar, e para o conseguir? Teria de arranjar um aterro para depositar toda a dor que levo dentro. 

O dia que o encontrar, agradeço a todo o sofrimento por me ter acompanhado mas que estará já na altura de dar a mão a outro qualquer sentimento mais leve, e já agora, que ao sair dali, do aterro, me entreguem o meu sorriso de volta.

Não ao que os outros têm acesso e tão bem disfarço. Mas ao meu! O leve. O bonito! O contagiante. O que partilha com o mundo a alegria que mal cabe aqui. O que acompanho com o olhar suave e intenso. O que me faz acreditar nas coisas boas da vida! O que fala por mim da gratidão pela vida... o... que me dá vida.

Procuro-o e nem sombras dele. Está escuro, como descrevi há bocado.

Obrigo-me a todo o instante a cumprir o que me parecem ser caminhos de lá chegar.
Obrigo-me a dançar. E entrego-me a cada aula onde a sensualidade deve existir e procuro o meu lado de mulher que não o posso aniquilar, devo cuidar dele, devo alimenta-lo para não perder ainda mais forma como o peso que insiste em continuar a perder-se em mim.

Obrigo-me a comer. Obrigo-me a procurar coisas onde antes encontrava prazer. Obrigo-me a estar com as pessoas que bem me fazem. Obrigo-me a ter paciência. Obrigo-me em esforço manter o que sempre me definiu como a disponibilidade para os outros. Obrigo-me a encontrar o meu melhor a cada dia que me levanto da cama, no que for! No trabalho, com as minhas filhas, com os meus amigos, nas lutas de justiça onde me sinto metida, comigo e até com estranhos!

E desgasto-me. Choro. E recupero fôlego. Lá me sai aquele sorriso que imagino ser um interruptor avariado lol pois nem sei como acontece.

Vem-me uma imagem que um dia espero deixar no tal aterro de um dia, numa avioneta em África a sobrevoar das paisagens mais bonitas que conheci dizerem-me: deita por estas janelas todo o teu medo desta ilha. Não precisas dele. Eu estou aqui e vou cuidar de ti, de nós... prometo.
Tão ingénua... como sempre. Acreditei. Como acredito sempre nas pessoas. E atirei. Libertei-me deles todos e andei descalça sobre ferros em brasa e afiados durante tanto tempo...

São cicatrizes que se curam, com o tempo, ou com o que eu fizer com o tempo, eu sei, mas o tempo tem um tempo tão difícil de esperar...

Fizesse eu o pino e já não precisava dos pés tão esfarrapados! Mas.. se destruir as mãos já nada me sobrará para continuar a percorrer caminhos destas ou outras ilhas.

Só eu para me imaginar a fazer caminhos em forma de pino lol. Mas esta sou eu. Que me obrigo a manter a minha essência, e é a gratidão pela vida, com tudo o que nela contém, que brinco tantas vezes mesmo no meio do desespero.

Eu sei. Vai passar. Eu sei. Um dia estarei bem nesta ilha, quando aceitar que posso estar em paz sozinha nela.

Quando aceitar que o mal pode sim vencer o bem. Quando aceitar a crueldade que existe no ser humano. Quando aceitar que o amor, o meu pelo menos, pode não salvar ninguém ou alguém.

Quando aquietar o meu coração e juntamente com a razão, aceitar que o mundo não tem que ser salvo. O mundo é apenas o mundo. E nele devo aprender a viver da melhor maneira possível.

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